O
Drama de um Jovem Rei
Há muitos anos um lindo e inteligente
príncipe sonhava em encontrar um grande amor. Seu pai, o Rei Joaquim, estava
muito doente e o próximo a possuir a coroa era ele, o príncipe Felipe. Viviam apenas os dois no grande palácio.
Felipe não queria errar na escolha da rainha que governaria junto com ele o
reino. Sonhava com uma rainha amável, gentil, e transparente.
O
maior medo do futuro rei era de que sua futura mulher valorizasse mais as
riquezas do que ele a mesmo, mais o privilégios da corte do que o seu amor. Seu
pai achava a preocupação um tanto quanto imatura, chegou muitas vezes a
questionar se ele era mesmo digno da coroa, e o achava frágil.
Felipe consultou os sábios para saber
com não errar na sua decisão, e escolher a rainha certa. Os sábios disseram que
ele se casasse com uma jovem rica, de preferência a filha de um rei de outra
nação, para alargar as fronteiras de seu poder como rei.
Desanimado com os conselhos que lhe
deram, Felipe saiu pelo bosque para tentar encontrar outra solução. Depois de
horas pensando, caiu-lhe algo na cabeça. Quando olhou para ver o que era se
deparou com uma semente vermelha e pequena.
Quando deu por si, havia encontrado sua resposta.
Resolveu promover uma festa para que
todas as moças interessadas em casar-se com ele pudessem se apresentar. E assim se fez.
No palácio trabalhava uma serva, que
possui uma linda sobrinha que ela cuidava desde muito pequena, seu nome era
Sofia. Quando soube que o príncipe iria se casar Sofia comunicou a sua tia que
iria se apresentar como candidata. Sofia conhecia o príncipe somente por que
sua tia falava da bondade, simplicidade e inteligência do jovem herdeiro.
Muitas pessoas chegavam até Sofia e
diziam:
- Você esta delirando, nunca a sobrinha
de uma criada será uma rainha, estais sonhando com o impossível.
Muito triste Sofia rebatia dignamente a
arrogância dessas pessoas:
- Nós somos pobres, mas somos seres
humanos! O dinheiro compra carruagens, mas não compra a felicidade, compra ouros
e joias, mas não compra o valor de uma pessoa.
Apesar de ser pobre, Sofia queria e merecia
ser tratada com dignidade. Sabia que não tinha chance nenhuma de ser rainha,
mas queria mostrar a todos que podia muito mais do que achavam que ela podia. Sofia
tinham três joias que valiam mais que diamantes: a simplicidade, transparência
e generosidade, por isso muitas pessoas gostavam da sua presença.
O grande dia chegou. Ao ver Sofia com
trajes simples, algumas jovens não contiveram o sorriso e zombaram sem piedade
da pobre moça.
De repente, ao som de trombetas, o
príncipe entra no grande salão. Todas estavam ansiosas, não sabiam o que as
aguardava. Um grande silêncio se fez, e subitamente o príncipe abriu a boca e
lançou um desafio às todas elas:
- Cada uma de vocês receberá uma semente
para ser cultivada. Daqui três meses darei um grande baile, e vocês terão que
me apresentar esta semente depois de cultivada. Aquele que me trouxer a mais
linda flor será a escolhida.
Animadas a maioria das jovens saíram do
palácio com a certeza que seriam escolhidas, pois o desafio do príncipe era
muito simples.
Várias pretendentes, julgando-se
espertas, achavam que o príncipe escolhia na verdade aquela que possuísse os
cabelos, as vestes, e os movimentos do corpo tão belos quanto uma flor.
Todas plantaram suas sementes, inclusive
Sofia, apesar de pouco entender de jardinagem, ela cuidava da terra com toda
ternura, imaginava na bela flor que surgiria.
Passaram-se dias e a planta não nasceu,
ficou preocupada e redobrou os cuidados. Duas semanas passaram e o broto nada
de surgir. Aconselhou-se com pessoas experientes. Alguns jardineiros diziam que
ela havia colocado água demais, outras que ele teria que colocar o vaso para
receber um pouco mais da luz do sol, outros foram ainda mais diretos:
- Se nada surgiu em quinze dias, dificilmente
sairia alguma coisa dali.
Sofia começou a ficar desesperada, e via
seu sonho cada vez mais distante. Apesar do medo, não conseguia esquecer o amor
que sentia pelo príncipe. Mesmo assim, Sofia não desistiu e junto com as gotas
de água caiam no vaso também suas lágrimas de tristeza.
Os três meses se passaram, a flor não
brotou e seu coração se entristeceu. Algumas pessoas aconselharam que ela plantasse
outra semente. Afinal de contas, ninguém descobriria. Não acatou os conselhos.
Mesmo abatida Sofia decidiu levar seu
vaso, mesmo sem planta.
- Será um vexame, desista! – diziam os
amigos
Até sua tia tentou impedir que ela fosse
àquele baile. Vendo o sofrimento de sua tia, Sofia começou a chorar e para
consola-la Sofia disse-lhe:
- Poderei passar vergonha mais uma vez,
titia, mas serei honesta comigo mesma. Não consegui cultivar a semente e vou
assumir meu erro.
Chegando ao baile, Sofia se deparou com
todas as outras pretendentes segurando vasos com as mais lindas flores, de
muitas espécies e muito coloridas. Os vestidos delas combinavam com as cores das
pétalas. Era algo sublime.
Ao ver a sobrinha da criada entrando no
salão, mais uma vez, várias pretendentes debocharam dela. Agora debochavam, não
somente pelo simples modo de vestir, mas sim porque seu vaso não tinha flor,
não possuía vida. Humilhada começou a entrar em pânico e pensou em desistir.
De repente as cornetas reais tocaram.
Todas se puseram em roda. Quando príncipe chegou e se aproximou de cada uma
delas, olhava para seus olhos e para a formosura da flor. Em seguida,
perguntava seu nome.
Quando chegou diante de Sofia e viu o
vaso sem flor e seu vestido molhado pelas lágrimas, abaixou a cabeça e nem seu
nome perguntou. As moças que estavam próximas não se conteram e começaram a
rir. O pai do príncipe sempre presente observava atentamente os gestos do
filho. Depois de algumas horas, e de analisar flor por flor curiosamente,
Felipe sentou-se no trono. E revelou que sua decisão já havia sido tomada, e
que a jovem que ele tirasse para dançar seria a escolhida. O príncipe foi para
o meio do salão, passou os olhos na roda de mulheres e, para surpresa de todos,
foi até Sofia, beijou suas mãos, e, emocionado, perguntou-lhe o nome. Sofia
respondeu e começou a chorar. Todos estavam surpresos com a decisão do
príncipe.
Então, calmamente, Felipe explicou em
voz alta:
- Para se tornar minha rainha Sofia não
cultivou nenhuma flor em três meses, pois ela já havia cultivado a mais bela
das flores: a da honestidade, da transparência, da coragem e da dignidade.
Todas as sementes que entreguei a vocês eram estéreis e delas não poderia
nascer nenhuma flor. Portanto, a única pessoa que foi transparente, que foi
digna dessa coroa, que enfrentou sua vergonha, seu medo, deboche e provou seu
amor incondicional por mim foi a Sofia.
Os sábios do reino ficaram boquiabertos,
jamais viram tamanha sabedoria. Seu pai não escondia o orgulho que sentia do
filho. E todos os presentes, inclusive a demais pretendentes, caíram em aplauso.
Aplaudiram a inteligência do rei e a sensibilidade e transparência da rainha.